domingo, 21 de fevereiro de 2010

Nascimento de João...

Ainda Sem Nome, agora um pouco mais velho, lá pelos oito, nove anos de idade, caminhando pela praça viu um velho )talvez nem tanto pela idade, mais pelos anos em ser apenas força física e muscular, mercadoria a qual se explorar( e junto a este foi sentar-se...
Ao velho perguntou como seria envelhecer, tinha poucos anos e curiosidade sobre o nascer dos cabelos brancos e o emaracujar da pele... um instante decorreu )não se sabe se pela idade ou por reflexão, já que reconhecimento quanto a esta capacidade muito lhe foi negado(...
O velho perguntou qual o nome de Ainda Sem Nome, pergunta que se não lhe causou espanto, ao menos estranhamento, não se lembrava de terem lhe perguntado pelo nome... )o nome podia ser João, Maria igual a muitos sobreviventes nestas terras... peço licença para usar João, é que falar de Marias é mais difícil, a elas ainda menos reconhecimento é conferido as suas vozes(... João, disse o menino...
Ali ficaram a conversar por algum tempo...
Neste dia mais que uma aparição de João o que se viu foi o nascer daquele até então Ainda Sem Nome...

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Aparição II

Noutro dia, Ainda Sem Nome observava que na traseira de caminhões alguns iam e viam, não sabia ao certo para onde e de onde, comentavam que era de canaviais, coqueirais, fabriquetas que nenhum registro possuem... )era pequeno demais para entender destas coisas(...
Curioso, contudo, ao caminhoneiro perguntou, a que servem carros e caminhões? ao que o caminhoneiro respondeu, carros para levar gente, caminhões mercadorias... 
Neste dia Ainda Sem Nome começou a descobrir para o que aqueles como ele servia... 

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Aparição I

Ainda Sem Nome caminhava por aquelas ruas )ruas, ruas não... asfalto, plaquinha na esquina, nada disso!(... Tinha na época por volta de seis, sete anos )aquela idade em que em alguns lugares se começa a freqüentar a escola... mas aqui não, os daqui são diferentes, nasceram para torrar sol, não para banco de escola(... Me perdoem os leitores por estas interrupções, é que para contar a estória esquerdo é preciso desindireitá-la as vezes... 
Irmão de mais alguns )dos quais o nome também não importa( Ainda Sem Nome teve uma sorte, nascera e sobrevivera... outros dos seus choravam por pouco tempo nesta terra... Mão e pai eram vivos, bondosos como diziam que tinham que ser... torravam sol há muitos anos e vez por outra mais um faziam nascer...
A primeira aparição de Ainda Sem Nome foi nesta época... dizia ao padre não entender o porque de seus pais confessarem, pecados não podiam ter já que nem muito tinham de comer )ter não era o forte daquela família, nem mesmo de pecados eram herdeiros de posse(... 

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Super-herói brasileiro, mediano na altura, um pouco menos no dinheiro...

Pode ser que os próximos post não tenham muito a ver com os post anteriores deste blog, mas como a coerência não é um dos valores mais observados no nosso tempo permitam-me postá-los...
Tenho pensado em inventar um super-herói, não aqueles como um Super-Homem de Hollywood... sim um daqueles brasileiros, mediano na altura, um pouco menos no dinheiro. Este se não usa um Batmóvel e nem foi picado por uma aranha geneticamente modificada )pelos lados de cá o que poderia picá-lo é bem menos transformador, talvez mosquito da dengue, quem sabe contrair malária( usa de poucas coisas que são de sua posse, ainda que não saiba como conquistou... de saliva, língua, cordas vocais e um pouco de ar dos pulmões...
Vamos esperar sua aparição... nem mesmo nome tem ainda )é que por estas terras alguns passam sem nem mesmo terem sido registrados(...
Durante suas aparições fiquem à vontade para fazer perguntas a este super-herói... 

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

...

o que eu teria para falar nestes dias? isso mesmo, dias de ontem, de amanhã... de hoje é sempre mais difícil, presente tem a característica de ser uma caixinha de surpresa... assusta mais que o futuro, este acreditamos sermos capazes de planejar... e que nada, planejamentos que acabam por nos deixar na mão...
escuto às vezes que este tempo é o tempo dos obsessivos... desperta, trabalha, corre, corre, compete, compete, volta pra casa, dorme, desperta, trabalha, corre, corre, compete, compete... fim de semana diz que vai quebrar o ritmo, mas que nada, aquela cerveja que tomará é a mesma que vem a tomar nos últimos anos, meses, tudo igual a ontem...
concordo pelo avesso das letras... é tempo dos obsessivos pelo tempo... afinal o que ganham os obsessivos senão somente o despertar da loucura da repetição... a loucura da repetição do despertar... a repetição do despertar da loucura... ?
se é tempo dos obsessivos pelo tempo diria que o tempo não é dos obsessivos, mas das histéricas... naquilo de infindável, de angustioso que ameaça sempre a nossa crença de que planejaremos o futuro, que controlamos o presente, que tudo será próximo ao que foi ontem... corremos e corremos atrás dele na esperança de nos satisfazer (ou de satisfazê-lo), nesse jogo feito aquele com as histéricas que ao receberem rosas dizem preferir margaridas...  
mundo difícil para os obsessivos, se antes enlouqueciam somente ao amar as histéricas, agora no tempo das histéricas nem mesmo há muito tempo para amar... naquele ainda se divertiam (ainda que se angustiassem), tinham tempo para sonhar um pouco mais, neste o despertar é exigência, o planejamento (impossível, por dizer) uma cobrança, o sonho fugaz e sem importância...